quarta-feira, 19 de agosto de 2009

LEGS OVER FEET

Em conversas de corredor, surgiu o assunto moda. Obviamente não me coloquei de parte e entrei, segura e confiante na discussão. Falava-se dos cortes, dos padrões e dos pontos fortes da estação. Como diz o outro, "cada cabeça sua sentença" - e é bem verdade. É interessante verificar como as pessoas conseguem ser tão interessantes nas suas diferenças. Adoro discutir pontos de vista, conhecer e estudar pessoas, ver até onde vai uma pessoa para defender o seu ponto de vista. Bottom line: adoro discussões saudáveis - não discussão acesa, mas de ideias e opiniões sérias e acérrimas.

Neste corredor, apresentaram-se pontos de vista. Aguerridos. Fortes. "Cimentados da cintura pra baixo". Não foi fácil!

Passo a explicar: em todas as colecções, há sempre uma parte do corpo que é evidenciada e tendências criadas por conseguinte: veja-se o exemplo das colecções passadas, em que a cintura foi demarcada com as pencil skirts, cintos e calças de cintura subida, e o momento em que Balmain apresentou os modelos que colocam os ombros com o maior destaque na indumentária diária - o retorno dos gloriosos 80's.

Este inverno, apesar da manutenção do corte mais masculino, onde os ombros são infinitamente marcados, as pernas apresentam-se como o plus, como o ponto chave e o mais sedutor.

Para delinear os contornos das pernas e colocá-las um ponto acima de tudo mais, os criadores reinventaram um estilo que para muitos ainda não tem uma conotação muito positiva: as botas acima do joelho. Este foi o momento alto da discussão e o STOP no sossego do dito corredor.

A verdade é que para muitos, a primeira ideia que vem à cabeça é que estas botas são utilizadas para jogos menos consensuais e por pessoas que deixam pouco à imaginação da sua rotina diária. Contudo, como em tudo, muitas das vezes os limites são postos à prova e a magia da Moda é que na maioria das vezes consegue virar completamente uma opinião relativamente a um(a) determinado ideal ou opinião.

Senão, veja-se: Durante muito tempo, o estilo grunge com as calças rasgadas e baggy t-shirts não eram bem vistas já que representavam jovens que pertenciam às classes mais desfavorecidas (e ninguém queria parecer alguém que pertencia aos suburbios, com problemas de droga ou alcool). Agora, até os conservadores adoptaram este estilo, apresentado pelos maiores criadores como a verdadeira tendência. Não é estranho por isso, ver uma mulher de 50 anos com um estilo semelhante a um jovem do Bronx. O mesmo se passou com o hip hop, com as suas maxi jeans, bling bling e ténis oversised: a Adidas reinventou os seus ténis, apresentando edições limitadas assinadas pelos grandes do Hip Hop, desportistas e ícones de moda, provocando um verdadeiro sucesso de vendas; o bling bling surge em força em fazendo com que marcas como a Swarovski fossem convidadas para adornar fatos completos, T-shirts, telemóveis e até mesmo carros.

O que ontem é verdade, hoje já é mentira. Esta é a grande verdade. O importante é que tabus e preconceitos sejam quebrados e que se consiga mostrar que podemos alterar o nosso ponto de vista, se este for bem conseguido por aluguém que sabe o que faz e que acredita no seu potencial.

Acredito que a Moda tem o poder de mudar consciências e de mostrar que afinal de contas, somos todos influenciáveis. Basta que alguém nos mostre que afinal, até não é mau de todo.

Sendo assim, tenho a convicção que todas devemos ir a uma Fashion Clinic desta vida, parar em frente a umas destas botas e pensar duas ou três vezes antes de as ignorar ou franzir a testa. Parem. Vejam. Experimentem.

Vão ver que um bocadinho de irreverência, aliada a um par destas botas consegue aumentar bastante o vosso sex appeal. Tudo vale a pena, mesmo que seja só para sorrirmos durante 1 minuto.

Não estou com botas até ao joelho, mas não me importava de estar!


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